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Restrições para grávidas
Após reunião  extraordinária, a OMS recomendou que grávidas não viajem para áreas  afetadas pelo zika. A entidade já admite o risco de contágio sexual e  indícios mais fortes de relação da doença com microcefalia e distúrbios  neurológicos. O alerta de emergência internacional foi mantido. A  Organização Mundial da Saúde (OMS) manteve ontem o alerta internacional  sobre microcefalia e síndrome de Guillain-Barré, emitido pela primeira  vez no mês passado, mas não incluiu o avanço da zika, que já afeta 52  países, como emergência. A decisão foi tomada durante a segunda reunião  do Comitê de Emergência da entidade, que terminou ontem em Genebra com  uma recomendação para as grávidas: elas não devem viajar para áreas com  surtos de zika. Até então, não havia restrições para as gestantes — a  única sugestão era que elas conversassem com seus médicos antes de irem  para locais afetados. Agora, todo cuidado é pouco,   diz a OMS, que também orientou as grávidas a fazer  em apenas sexo seguro se seus parceiros vivem em regiões com zika ou  tenham viajado para lá. Segundo a entidade, a transmissão sexual é mais  comum do que se imaginava.
— Desde 1 º de fevereiro, muitas  pesquisas fortaleceram a associação entre zika e microcefalia. As  mulheres estão muito preocupadas, e podemos entender isso — disse  Margaret Chan, diretora- geral da OMS, que foi cautelosa ao responder,  durante entrevista na Suíça, se as mulheres brasileiras deveriam evitar a  gravidez. — O que posso dizer é que as mulheres grávidas devem se  proteger do mosquito Aedes aegypti e ser informadas sobre todas as  possibilidades para evitar o contágio pelo vírus zika.
GESTANTE DESISTE DE VIR AO RIO
Antes  mesmo de saber que a OMS ia recomendar que gestantes não fossem para  áreas com surtos de zika, a carioca Paula Bahiana, que mora há quatro  anos em Los Angeles, onde tem uma empresa de pet sitter, já tinha  desistido de vir ao Brasil. Grávida de 12 semanas, ela perdeu um beb�  � na últ  ima gestação e não quer se arriscar.
— Planejava ir ao Brasil  este ano, mas depois que soube da gravidez, em janeiro, e comecei a  escutar notícias sobre zika, desisti. Até agora, me parece que não se  sabe o suficiente sobre o zika. Escutei histórias de que haveria risco  de microcefalia até mesmo anos depois de se contrair o vírus. As  consequências são tão graves que não pretendo ir ao Brasil tão cedo.  Precisava resolver vários problemas, mas dei uma procuração para minha  irmã. Não vou nem mesmo quando o surto passar. Já tive dengue duas vezes  e sei que esse mosquito não vai embora, só fica pior. Antes, transmitia  só dengue, agora também passa zika e chicungunha — diz Paula.
Segundo  o infectologista Alberto Chebabo, a recomendação da OMS para as  gestantes foi baseada também num estudo da Fiocruz e da Universidade da  Califórnia, divulgado no último sábado, que mostrou novas evidências de  que o zika causa anomalias graves nos fetos. A pesquisa revelou que 29%  das   grávidas infectadas pe  lo zika, que foram acompanhadas pelos cientistas, tiveram crianças com  defeitos congênitos. As mulheres eram todas saudáveis e sem nenhum outro  fator de risco, mas seus bebês apresentaram anormalidades como  restrição no crescimento intrauterino e alterações no sistema nervoso  central. — Essa pesquisa também mostrou problemas nos fetos de mulheres  infectadas com zika em períodos mais tardios da gestação — diz Chebabo.
O  Ministério da Saúde divulgou nota em que diverge da orientação da OMS  no que diz respeito a viagens de mulheres grávidas. Enquanto a entidade  internacional diz que gestantes devem ser aconselhadas a não viajar para  áreas de contínuos surtos de vírus zika, a pasta sugere apenas que  essas mulheres usem repelentes e roupas compridas, permanecendo com  portas e janelas fechadas ou com telas. O ministério informou que segue  orientação da própria OMS, reafirmada ontem, de que “não deve haver  restrições gerais sobre viagens ou comércio” com regiões ond  e haja transmi  ssão do vírus.
Durante o encontro de ontem, cientistas e  representantes de Brasil, Cabo Verde, Colômbia, França e Estados Unidos  apresentaram dados novos sobre o vírus zika, mas não chegaram a um  consenso sobre a decisão de incluílo no alerta de emergência  internacional. Apesar de Margaret Chan afirmar que existe uma “provável  relação” entre zika e microcefalia, ela destacou que novas pesquisas  ainda precisam ser feitas. De acordo com o diretor do comitê David  Heymann, ainda não há comprovação científica dessa associação. Um dia  antes, o chefe do Departamento de Surtos da OMS, Bruce Aylward, havia  dito que “as evidências se acumulam”.
Depois de seis horas de  reunião, os cientistas recomendaram também que estudos sobre a relação  entre zika e distúrbios neurológicos sejam intensificados, acrescentando  que é preciso dar atenção máxima às pesquisas de sequenciamento genético do vírus e aos diferentes efeitos clínicos provocados pelo micro-organismo.
CONTROLE DE AEROPO  RTOS
A OMS recomendou ainda que seja feito controle de mosquitos nos aeroportos e que países afetados considerem a dedetização de aeronaves. No Rio, que sediará as Olimpíadas de 2016, a Coordenação de Vigilância Ambiental da Secretaria municipal de Saúde informou que as áreas de portos, aeroportos e rodoviárias são consideradas estratégicas e seus entornos recebem vistorias semanais dos agentes de vigilância. Segundo o órgão, a cada visita a imóveis próximos a portos e aeroportos, os agentes tratam os depósitos de água e eliminam possíveis focos do Aedes aegypti, além de tomar as medidas necessárias para evitar o surgimento de criadouros do mosquito, como a colocação de larvicida
Fonte: O Globo
